Por Erton KöHler
Algumas palavras ditas pelas crianças surpreendem, impactam
e nos levam a profundas reflexões. Isso aconteceu há poucos meses, enquanto
passeava de carro com minha família. Estávamos conversando sobre algo que
poderia acontecer no futuro e, de forma natural, eu disse: “Isso, se Jesus não
voltar antes, é claro!”
Minha filha de seis anos, sem demorar, respondeu com
segurança: “Mas Ele vai voltar!” Ela não entendeu bem minhas palavras e
imaginou que eu estivesse colocando em dúvida a volta de Jesus. Por isso, sua
segurança em corrigir o pai e não deixar qualquer dúvida: “Ele vai voltar!”
Que certeza profunda, infantil e necessária na vida de todos
nós! Lembra o convite de Cristo para nos tornarmos como crianças para herdar o
reino dos Céus (Mt 18:3). Precisamos começar 2013 renovando esta esperança.
Os últimos dias de 2012 chamaram a atenção para o tema do
fim do mundo, usando previsões do calendário maia que indicavam 21 de dezembro
de 2012 como o grande dia. É interessante observar que, apesar de todos os
desmentidos apresentados pelos Maias, este assunto que vinha sendo alimentado
havia quatro décadas não perdeu sua força. No fim, virou motivo de
irreverência, piadas, incredulidade e racionalismo.
O tema movimentou o planeta. Pessoas em países como Índia,
Austrália e China, entre outros, começaram a se preparar para o pior, arrumando
suprimentos e abrigos. Em outros lugares, foram organizadas cerimônias e até
grandes festas para se ter uma última noite de diversão antes do Apocalipse.
Na Rússia, um abrigo de 56 metros de profundidade, o Bunker
42, promoveu uma festa que durou dois dias, envolvendo trezentas pessoas, que
pagaram ingresso de mil dólares por pessoa. Já na China, a polícia prendeu membros
de um culto apocalíptico acusados de espalhar boatos sobre o fim do mundo.
Segundo a imprensa estatal do país, quase mil integrantes do
grupo cristão Deus Todo-poderoso foram presos. A seita previa que, a partir da
sexta-feira, iriam ocorrer três dias de escuridão. O tema se tornou tão forte
que um agricultor da província de Hebei, Liu Qiyan, não apenas acreditou, mas
construiu sete esferas de fibra de vidro, com capacidade para receber 14 pessoas
cada uma. Elas poderiam boiar em caso de inundação e estavam equipadas com
tanques de oxigênio e suprimentos. A decepção e o ridículo eram facilmente
previsíveis. Quando as pessoas decidem acreditar na superstição em vez de na
revelação, o resultado sempre será frustração e decepção. A Bíblia é clara ao afirmar
que “a respeito daquele dia e hora ninguém sabe” (Mt 24:36). Mais trágico ainda
é ver pessoas dentro de nossas fileiras indo na mesma direção. Gente que cria
interpretações pessoais das profecias para tentar encontrar dias, meses ou anos
que definam a segunda vinda e o fim de todas as coisas.
Quanto mais previsões, mais frustrações e mais incredulidade.
Essa é a estratégia do inimigo, usando uma visão superficial, parcial e pessoal
das profecias.
Ellen G. White foi clara, depois da experiência de 1844, ao
afirmar que “nossa posição tem sido a de esperar e vigiar, sem proclamações de
algum tempo para se interpor entre o fim dos períodos proféticos em 1844 e o tempo
da vinda de nosso Senhor [...]. O povo não terá outra mensagem sobre um tempo
definido. Depois desse período de tempo (Ap 10:4-6), estendendo-se de 1842 a
1844, não pode haver um traçado definido do tempo profético” (Eventos Finais,
p. 36).
A orientação da Bíblia e dos escritos inspirados de Ellen G.
White é cristalina. Então, por que insistir? Precisamos ter uma visão mais
ampla do que está por trás de movimentos alarmistas e sensacionalistas que
precisam marcar datas para permanecer alerta. O grande maestro dessas
iniciativas é um inimigo desesperado, sabendo “que pouco tempo lhe resta” (Ap
12:12). Ele sabe que, quanto mais datas marcadas houver, mais confusão e
desilusão, dificultando o conhecimento da verdade e deixando muitas pessoas
fora do Céu.
Seu grande objetivo é fragilizar uma das mensagens mais
importantes de toda a Bíblia, apresentada 1.845 vezes desde Gênesis até
Apocalipse. Essa é a nossa grande esperança e, por isso, o inimigo trava uma
luta incessante contra uma mensagem relevante. A pregação do “evangelho do
reino, em testemunho a todas as nações” (Mt 24:14) é a última mensagem de graça
e oportunidade a ser pregada antes da segunda vinda. Enfraquecê-la é uma
tentativa de atrasá-la.
Para enfrentar estes tempos difíceis, Deus chamou um
remanescente, com certidão de nascimento registrada em Apocalipse 10. Vamos
andar na presença do Senhor, estar preparados a cada dia e pregar esta mensagem
com poder, na certeza de que realmente “Ele vai voltar”. Essa precisa ser nossa
busca, esperança e certeza em 2013!
ERTON KÖHLER
é presidente da Igreja
Adventista do Sétimo Dia
para a América do Sul.
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