terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Ele Vai Voltar



Por Erton KöHler

Algumas palavras ditas pelas crianças surpreendem, impactam e nos levam a profundas reflexões. Isso aconteceu há poucos meses, enquanto passeava de carro com minha família. Estávamos conversando sobre algo que poderia acontecer no futuro e, de forma natural, eu disse: “Isso, se Jesus não voltar antes, é claro!”
Minha filha de seis anos, sem demorar, respondeu com segurança: “Mas Ele vai voltar!” Ela não entendeu bem minhas palavras e imaginou que eu estivesse colocando em dúvida a volta de Jesus. Por isso, sua segurança em corrigir o pai e não deixar qualquer dúvida: “Ele vai voltar!”
Que certeza profunda, infantil e necessária na vida de todos nós! Lembra o convite de Cristo para nos tornarmos como crianças para herdar o reino dos Céus (Mt 18:3). Precisamos começar 2013 renovando esta esperança.
Os últimos dias de 2012 chamaram a atenção para o tema do fim do mundo, usando previsões do calendário maia que indicavam 21 de dezembro de 2012 como o grande dia. É interessante observar que, apesar de todos os desmentidos apresentados pelos Maias, este assunto que vinha sendo alimentado havia quatro décadas não perdeu sua força. No fim, virou motivo de irreverência, piadas, incredulidade e racionalismo.
O tema movimentou o planeta. Pessoas em países como Índia, Austrália e China, entre outros, começaram a se preparar para o pior, arrumando suprimentos e abrigos. Em outros lugares, foram organizadas cerimônias e até grandes festas para se ter uma última noite de diversão antes do Apocalipse.
Na Rússia, um abrigo de 56 metros de profundidade, o Bunker 42, promoveu uma festa que durou dois dias, envolvendo trezentas pessoas, que pagaram ingresso de mil dólares por pessoa. Já na China, a polícia prendeu membros de um culto apocalíptico acusados de espalhar boatos sobre o fim do mundo.
Segundo a imprensa estatal do país, quase mil integrantes do grupo cristão Deus Todo-poderoso foram presos. A seita previa que, a partir da sexta-feira, iriam ocorrer três dias de escuridão. O tema se tornou tão forte que um agricultor da província de Hebei, Liu Qiyan, não apenas acreditou, mas construiu sete esferas de fibra de vidro, com capacidade para receber 14 pessoas cada uma. Elas poderiam boiar em caso de inundação e estavam equipadas com tanques de oxigênio e suprimentos. A decepção e o ridículo eram facilmente previsíveis. Quando as pessoas decidem acreditar na superstição em vez de na revelação, o resultado sempre será frustração e decepção. A Bíblia é clara ao afirmar que “a respeito daquele dia e hora ninguém sabe” (Mt 24:36). Mais trágico ainda é ver pessoas dentro de nossas fileiras indo na mesma direção. Gente que cria interpretações pessoais das profecias para tentar encontrar dias, meses ou anos que definam a segunda vinda e o fim de todas as coisas.
Quanto mais previsões, mais frustrações e mais incredulidade. Essa é a estratégia do inimigo, usando uma visão superficial, parcial e pessoal das profecias.
Ellen G. White foi clara, depois da experiência de 1844, ao afirmar que “nossa posição tem sido a de esperar e vigiar, sem proclamações de algum tempo para se interpor entre o fim dos períodos proféticos em 1844 e o tempo da vinda de nosso Senhor [...]. O povo não terá outra mensagem sobre um tempo definido. Depois desse período de tempo (Ap 10:4-6), estendendo-se de 1842 a 1844, não pode haver um traçado definido do tempo profético” (Eventos Finais, p. 36).
A orientação da Bíblia e dos escritos inspirados de Ellen G. White é cristalina. Então, por que insistir? Precisamos ter uma visão mais ampla do que está por trás de movimentos alarmistas e sensacionalistas que precisam marcar datas para permanecer alerta. O grande maestro dessas iniciativas é um inimigo desesperado, sabendo “que pouco tempo lhe resta” (Ap 12:12). Ele sabe que, quanto mais datas marcadas houver, mais confusão e desilusão, dificultando o conhecimento da verdade e deixando muitas pessoas fora do Céu.
Seu grande objetivo é fragilizar uma das mensagens mais importantes de toda a Bíblia, apresentada 1.845 vezes desde Gênesis até Apocalipse. Essa é a nossa grande esperança e, por isso, o inimigo trava uma luta incessante contra uma mensagem relevante. A pregação do “evangelho do reino, em testemunho a todas as nações” (Mt 24:14) é a última mensagem de graça e oportunidade a ser pregada antes da segunda vinda. Enfraquecê-la é uma tentativa de atrasá-la.
Para enfrentar estes tempos difíceis, Deus chamou um remanescente, com certidão de nascimento registrada em Apocalipse 10. Vamos andar na presença do Senhor, estar preparados a cada dia e pregar esta mensagem com poder, na certeza de que realmente “Ele vai voltar”. Essa precisa ser nossa busca, esperança e certeza em 2013!
ERTON KÖHLER
é presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia
para a América do Sul.

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