Legado de Fé

Há 50 anos, Martin Luther King Jr. deixou para a história um legado da fé que moveu sua vida. Seu país, embora celeiro de missionários, majoritariamente cristão e majoritariamente evangélico tendo na religião batista uma das mais influentes e representativas, estava mergulhado até o pescoço na podridão do racismo. Negros eram tratados como menos que pessoas e suas vidas resumidas à indignidade. Encorajado e inspirado pelo exemplo de outros, como Rosa Parks que em 22 de fevereiro de 1956 foi indiciada criminalmente por não ter cedido seu lugar no ônibus a uma pessoa branca, inspirado e encorajado pelo que leu em sua Bíblia sobre o valor do ser humano e o amor devido a Deus e ao próximo, tornou-se um
militante a favor da igualdade racial e usou todos os meios e oportunidades para apontar o pecado do racismo e pedir mudanças.

Em 28 de agosto de 1963 esse pastor batista, na época com 33 anos, discursou no Memorial Lincoln para uma multidão de milhares de pessoas, na capital americana, Washington DC e concluiu seu discurso improvisando, pós ler o que havia escrito para aquela tarde. “Eu tenho um sonho”, disse ele, e falou sobre seu sonho de fraternidade, respeito e união do povo americano. Ele não sonhava com a superioridade negra, mas com a igualdade entre negros e brancos. Ele não desejava uma inversão da opressão, mas a extinção da opressão. Seu sonho era fruto de sua fé. E sua fé entrou para a história através de seu sonho. Na última quarta, 50 anos depois, suas palavras foram lembradas em sua nação e em muitas outras, como as mais relevantes do século 20. Ele foi assassinado apenas 5 anos depois, aos 39 anos. Mas sua memória jamais
morreria e suas palavras ainda falam.

Isso me lembra Hebreus: “Pela fé Abel [cristão sincero] ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim [frequentadores de templos], pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.” (11.4)

A vida de pessoas como Martin Luther King Jr devem nos fazer pensar sobre o que estamos fazendo de nossa devoção a Deus. Qual o significado de nossa fé para a história? O que ela nos leva a realizar? E a resposta a estas perguntas estão no modo como vivemos e no que buscamos construir nesta vida. Que marco nossa fé deixará para a história das pessoas próximas? Temos trabalhado para conquistar bens, temos nos dedicado para ter uma carreira de sucesso e algo mais. E onde está a nossa fé em tudo isso? Não precisamos abandonar nosso emprego, nossa carreira ou nossa vocação para abraçar um envolvimento com atividades religiosas como se fossem o máximo da vida de fé, pois não são. Precisamos é viver nossa fé diariamente, ser influenciados por Deus, ser movidos pelo amor, buscando discernimento para sermos mais que religiosos. Para sermos pessoas que demonstrem e leguem a outras o que recebemos de Deus.