sexta-feira, 3 de abril de 2015

Cordeiro ou Coelho?

A Páscoa bíblica foi estabelecida como marco comemorativo da libertação dos filhos de Israel do cativeiro egípcio. A prescrição divina estabeleceu que, na noite em que Deus desferiria o derradeiro golpe sobre o Egito, matando os primogênitos, quem estivesse com o sangue do cordeiro nos umbrais da porta seria poupado, pois o anjo passaria por aquela casa sem fazer mal ali. Naquela noite, toda casa que não tinha o sangue nos umbrais da porta recebeu a terrível visita do anjo destruidor. Mas as casas dos hebreus foram poupadas, pois nelas havia o sinal de que o anjo deveria pulá-las. Vem, portanto, do verbo passar ou pular sobre a verdadeira origem etimológica do termo Páscoa (hebraico Pessach), no contexto bíblico.

A Páscoa é uma linda representação da salvação. Enquanto no Egito todos os primogênitos morreram, entre os hebreus uma vítima sacrificial morreu. Isso nos ensina que a salvação se encontra nos méritos substitutivos do sangue do Cordeiro. A Páscoa estava atrelada à décima praga e foi a causa de o faraó, reconhecendo que não podia continuar lutando contra Deus, permitir a saída do povo de Israel do Egito. Nesse sentido, a Páscoa simboliza nossa libertação do cativeiro do pecado.

É interessante observar que essa festa foi instituída para representar a salvação de todo o povo de Israel, que sairia do Egito pelos eventos decorrentes daquela noite de visitação divina. Mas isso só seria possível, se o processo fosse realizado particularmente no âmbito das famílias. Ou seja, para que todos fossem salvos, e cada primogênito fosse poupado, família por família do povo deveria sacrificar um cordeiro. Não se tratava de um sacrifício generalizado, mas personalizado, familiar. Isto é, cada família deveria sentir a necessidade de buscar o Senhor. "Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, cada um tomará para si um cordeiro, segundo a casa dos pais, um cordeiro para cada família" (Êxodo 12:3, itálico acrescentado).

A Páscoa bíblica ensina que, embora a salvação de Deus pretenda alcançar a todos, ela precisa ser vivida individualmente, e a família é o núcleo central a partir do qual o Senhor deseja projetar Sua benção para toda a humanidade. Aquele cordeiro morto era um tipo de Jesus, "o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1:29). Entretanto, só aqueles que nEle crerem terão a vida eterna (Jo 3:16), a exemplo dos hebreus, que só foram libertados do Egito porque creram na Palavra de Deus, sacrificaram o cordeiro e marcaram suas portas.

Sempre foi o desejo de Deus que cada família fosse uma base de salvação. Somente a partir de um reavivamento genuíno das famílias do povo de Deus, as pessoas, individualmente, poderão ser efetivamente alcançadas. Por isso, fica claro o motivo de Satanás trabalhar ardilosamente para destruir as famílias na atualidade, como tem feito com sucesso em muitos casos, infelizmente. A vontade de Deus é proteger os lares da destruição do pecado que predomina no mundo hoje. Cada pai, mãe, filhos e filhas podem vencer, se tiverem a marca do sangue de Jesus.

Seguindo o ritual que ocorreu no dia da libertação do cativeiro, todo israelita, no festejo da Páscoa, deveria separar um cordeiro no décimo dia do primerio mês do ano judaico (nisã) e sacrificá-lo no décimo quarto dia à tarde (Êxodo 12:1-6). Os evangelhos demonstram que Jesus cumpriu cabalmente todas as especificações tipológicas da Páscoa e determinou, por isso, o fim da necessidade de comemorá-la. Em memória de Seu sacrifício, o Senhor estabeleceu a Santa Ceia, que deve ser celebrada até que Ele volte (1Coríntios 11:26).

Para o cristão, a Páscoa é Cristo. Sempre que alguém aceitar o sacrifício vicário do Salvador encontrará o verdadeiro sentido da Páscoa. E a maneira que Jesus instituiu para celebrar isso foi a cerimônia da Santa Ceia. Embora seja muito solene, essa ocasião deve ser considerada festiva, pois seu propósito é reavivar na memória do cristão a certeza da salvação. Ninguém deve excluir-se nem ser impedido de participar. A Santa Ceia é símbolo de perdão e reconciliação. Essa cerimônia nos lembra a cruz, onde Cristo deu Seu sangue para nos libertar completamente do pecado e nos dar esperança de vida eterna.

Os festejos da Pácoa, portanto, devem direcionar nossos olhos para a Páscoa definitiva que ocorrerá com a segunda vinda de Jesus, quando Deus libertará Seus filhos completamente do cativeiro do pecado. Não se perca em meio a símbolos incompatíveis, como coelhos e ovos nem no consumismo que lamentavelmente envolveu essa festa. Nessa Páscoa, lembre-se do Cordeiro!A


Autor: Pr. Vinícius Mendes de Oliveira – Editor de Livros Denominacionais na Casa Publicadora Brasileira

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