quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Nossos filhos leprosos



“Como eu almejaria que Jesus se encontrasse à porta de nossas igrejas, recebendo os ‘nossos filhos leprosos’!  Tenho certeza que Seu olhar de amor, Seu sorriso sincero de boas-vindas e Seu abraço caloroso fariam com que eles nunca mais quisessem sair dali.”

Ao fazer o ano bíblico, me deparei várias vezes com os capítulos 13 e 14 de Levíticos, onde estão as leis acerca da lepra e do leproso, nas mais diversas situações. Sempre imaginei como deveria ser naqueles dias, quando o conhecimento da ciência médica era bem limitado. Pessoas sozinhas, abandonadas, vivendo com
outros com o mesmo infortúnio, longe da família e dos amigos. Sem condições de higiene e vendo o próprio corpo ser consumido dia a dia pela lepra. Pior que o corpo ser consumido, penso em como
eles deveriam se sentir consumidos pela saudade dos filhos, da esposa ou do marido e dos pais. Por vezes, os leprosos avistavam os seus queridos de longe, mas nem podiam desfrutar bem daquele momento, pois tinham que clamar em altos brados: “Imundo! Imundo!” (Lv. 13:45). Não é de se admirar que a lepra fosse tão temida.


OS LEPROSOS DE HOJE

A vida nos ensina lições muitas vezes bastante duras, mas sei que em tudo Deus tem um propósito e muitas vezes o sofrimento nos torna pessoas mais bondosas, menos críticas e amorosas.
Há poucos dias, meditando a respeito dos leprosos e como era o tratamento que eles recebiam, vi que há uma grande semelhança entre o tratamento dispensado a eles e aos nossos filhos, que já pertenceram ao rebanho do Senhor e que agora se encontram afastados do aprisco. São vistos como “imundos”, como pessoas com quem não se deve manter nenhum contato, a fim de que seja evitado o “contágio”. Não há para com eles nenhum ato de simpatia e tampouco de apreço. A atitude, em geral, reflete o seguinte pensamento: “Devem estar longe do nosso arraial. Afinal de contas, eles conhecem a verdade, então por
que se afastaram? Sabem onde os membros se encontram, sabem o caminho da igreja e, se quiserem voltar, as portas estarão abertas, desde ‘que se apresentem primeiro ao sacerdote’ (passem pelo rebatismo)”.O difícil Caminho de volta. Porém, basta abrir os olhos e observar atentamente o que acontece quando aqueles que se afastaram decidem fazer uma visita à igreja. Eles são olhados com desconfiança, as pessoas reparam
muito em suas vestes ou se estão ou não usando ornamentos. Os cumprimentos são frios e os sorrisos
bem amarelos. Parece que a presença desses “imundos” incomoda a “nossa santidade”. É difícil acontecer um sorriso verdadeiro, uma alegria por vê-los de volta, ainda que estejam apenas fazendo uma visita. Salvo raras e honrosas exceções de velhinhas piedosas que, provavelmente através do sofrimento, já aprenderam um pouco mais sobre o amor!
Esses “leprosos” têm a sensação que ali não é o lugar deles, afinal não são bem-vindos. Os sentimentos que carregam de vazio e carência do amor cristão são passados por alto. Apenas quando se encontram com
outros “leprosos” eles se sentem aceitos e amados.
Como eu almejaria que Jesus se encontrasse à porta de nossas igrejas, recebendo os “nossos filhos leprosos”! Tenho certeza que Seu olhar de amor, Seu sorriso sincero de boas-vindas e Seu abraço caloroso
fariam com que eles nunca mais quisessem sair dali.
É lamentável que nós, a quem foi confiado o dever de refletir a Sua luz, estejamos tão distantes do Mestre, a ponto de não conseguirmos nem ao menos esboçar o brilho da Sua presença. É imprescindível que o Espírito Santo trabalhe não somente no coração dos nossos filhos, mas também em nosso coração.Somente assim, com atos de bondade e simpatia que brotam de um coração unido ao de Cristo, poderemos atrair as ovelhas feridas e doentes que estão distantes do aprisco.


Regina Mary Silveira Nunes trabalha no setor educacional da Casa Publicadora Brasileira

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